sábado, 7 de setembro de 2019

A voz do dono


A campanha dominguista contra as Forças Armadas (FA) continua em força, desta vez pelos seus paus mandados. A Ministra da Justiça, Rute Monteiro, em declarações à Lusa, trata as FA como inimigas do povo, defendendo que as violações (presuma-se que sistemáticas e continuadas) de Direitos Humanos que lhes imputa só foram contidas "porque (sic)* uma atitude firme da comunidade internacional depois dos últimos acontecimentos, o que ajudou a travar os ímpetos da violação de direitos humanos" acrescentando o jornalista (que dá mostras de não compreender o objectivo das declarações) "A governantes (sic) referia-se à presença de uma força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no país, a Ecomib, e às sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU a vários militares". O profissional poderia igualmente, em proveito da compreensão, ter explicado ao leitor que com "últimos acontecimentos" a declarante se refere ao ocorrido no dia 12 de Abril de 2012 (é que nisto de agências noticiosas, "últimos acontecimentos" tem um prazo de validade bastante mais curto). 

A quem interessa a hostilização das FA, e porquê, neste momento? Wellington Calasans (que se gaba de bem informado) já o confessou: porque DSP, no seu extremo convencimento, está seguro que vai ganhar as eleições (certezas um pouco suspeitas, tais como as sondagens que tem em seu poder, conduzidas pela pouco credível equipa brasileira) e teme ser vítima de um golpe que o desaproprie do troféu. Um político de craveira não lida assim com os seus medos e paranóias, se é que os sente sequer (nem que seja para não correr riscos do fenómeno bem conhecido de self-fulfilling prophecy).

A Ministra deveria ser confrontada com as suas declarações e ser questionada quanto àquilo que pode ficar a pensar sobre as FA um leitor estrangeiro (pouco informado sobre o assunto), ao ler o teor das suas confusas declarações. A senhora, depois de cumprido o serviço encomendado, quis brilhar e acrescentar o seu contributo. Já em excesso de zelo, para exemplo de violações dos Direitos Humanos (DH), refere-se ao seu caso pessoal, "eu fui vítima de violação dos meus direitos enquanto profissional e enquanto ser humano", expondo pessoalmente profissionais identificáveis do sector que tutela, numa atitude inqualificável (para evitar o "criminosa", em atenção ao cargo desempenhado). Vem a público defender que os seus DH foram violados porque o processo que intentou (e não "instaurei" como diz - quem instaura é o detentor da acção penal, o Ministério Público - pelos vistos, a Ministra não domina a semântica do sector) está parado? Patético! (se não mesmo atordoante). Total promiscuidade demonstrada entre a esfera pública e a privada. À imagem do egocentrismo do chefe. 

* A frase está truncada, faltando o verbo (houve, por exemplo)... o parágrafo seguinte começa por "A governantes..." recomenda-se aos propagandistas de DSP na Lusa mais atenção à qualidade dos textos, para não descerem ao nível do Jornal de Angola. Ao estagiário que produziu esta pseudo-notícia, recomenda-se que aprenda a disfarçar melhor que está a fazer um frete: que a "corrupção e impunidade são uma realidade" da Justiça guineense não é novidade nenhuma há mais de 40 anos, não serve para título de uma notícia sem deixar o "rabo de fora". Sem outros pretextos, a Ministra não tinha nada mais para dizer que não fosse a diabolização das FA, ao serviço do seu dono. 

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