sábado, 26 de outubro de 2019

Última Hora - Ministério do Interior autoriza marcha

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A figura escolhida pelo Secretário de Estado da Segurança e Ordem Públicas no comunicado emanado ontem, foi objecção. Em lado algum consta a palavra proibição. Ora objectar não ultrapassa o plano argumentativo, não tem qualquer conotação nem proibitiva nem coerciva, ocorre a um nível puramente intelectual, ou de oratória, equivalendo a pouco mais que uma opinião.

Apesar de que SEI que o senhor Secretário de Estado do Interior tem sentido ultimamente a pouco habitual, premente e reiterada necessidade de Exteriorizar opiniões públicas, não vou afirmar que tudo isto se trata de uma vergonhosa mistificação, de uma indigna instrumentalização do poder público, para não o ofender, porque já me têm dito para não ser mal educado/a. 

O que SEI é que o comunicado não cumpre o requesito daquele que o emitiu. Não coibindo e apenas objectando, o SEI está formalmente a autorizar tacitamente a marcha, apesar de não poder garantir a sua segurança (a qual corre por conta e risco dos manifestantes).

Então, depois de dois "não obstantes", "objecta"? Podia simplesmente obstar, ou ameaçar bastonar, que seria mais claro. É mas é uma decisão tão abjecta que a própria mente lhe sai egg estrelado. Fugiu-lhe a boca para a verdade. Se agora a Segurança do Estado encena pseudo-atentados à segurança do estado... trata-se de uma fase terminal, o narco-governo está a descambar em puro delírio. A conclusão lógica é a de que, não obstante a objecção do ovo saído demasiado estrelado, a manifestação está, para todos os efeitos e no mínimo, tolerada. 

Atendendo à elevada estima que devem merecer, num autêntico Estado de Direito, os valores constitucionalmente garantidos da reunião e manifestação pacífica, torna-se portanto perfeitamente legítimo levar para a frente a manifestação, no âmbito da mais pura legalidade, a menos que, obviamente (e atempadamente) o SEI descubra que não sabe tudo e venha corrigir o seu pobre português em comunicado igualmente público e com o mesmo destaque (e mesmo assim justifica-se perfeitamente a desobediência civil).

Exceptíssimos é como o SEI se dirige aos manifestantes (nem Excelentíssimos conseguiu escrever por inteiro). O corrector ortográfico não deu erro, por ter considerado o plural do superlativo de excepto, segundo o novo acordo, usado pelo SEI (se não, chamava-lhe objecção e não objeção, que fica feio). Mas, pelo menos, sem saber como, desta vez foi coerente, pois ao dirigir-se aos manifestantes, estava a tentar exceptuar-lhes Direitos Humanos fundamentais.

Passatempo para treino do português: descobrir, numa frase tão curta "Dispensados que foram outras considerações inerente as circunstâncias" os três erros de género e concordância.

A frase anterior continua com "o imperativo de segurança nacional". Segurança nacional ou segurança do PAIGC (que já se julga com todo o poder nas mãos, incluindo o presidencial, recorrendo às suas tradicionais invenções doentias)? O maior e mais urgente imperativo de segurança nacional é dispensar o SEI sem mais considerações e independentemente das circunstâncias!

Andaram a brincar com fósforos e agora não sabem como apagar o pneu? Faz sentido atribuir o primeiro prémio ao MI, como destino da marcha. Dó, ré, ... faz sol lá si... tenham dó!

PS O abuso do ponto de exclamação é propositado pois é tabú a sua utilização em documentos oficiais (designação que não merece este pedaço de papel higiénico a boiar em cócó). Será que para o Secretário de Estado, a proibição estava concentrada no ponto de exclamação? O Mário não chama os bois pelo nome e quer que eles acudam! Bois há muitos, seu palerma!

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