terça-feira, 8 de outubro de 2019

DSP come hamburger e dorme a sesta


À distópica esquizofrenia do consultor de Domingos, deu-lhe hoje para a poesia. O resultado é um comunicado em tons intimistas, tão estúpido quanto patético. Curioso é que nem o assinante nem o comunicante tenham dado por isso (se calhar corrigiram os lapsos mais evidentes, mas então terão de passar a rever com mais atenção). É que nisto de alguém se dirigir ao povo de coração nas mãos, não é para todos. E, sobretudo, não é fabricável por encomenda, sem deixar um perigoso rasto (neste caso, de brasileiro escondido com o rabo de fora).

Os tiques abrasileirados, começam logo na segunda frase: "Enquanto africano me confesso revoltado". Esquecendo o facto de que só é verdade por estar a escrever por encomenda (pois trata-se de um americano), DSP escreveria, sem sombra para dúvidas, "... confesso-me revoltado". Um pouco mais à frente "gente (...) se deliciando de uma extraordinária qualidade de vida" onde deveria estar "deliciando-se com"; "que não chegam a fim" por "... ao fim";  e, finalmente, o último parágrafo reserva uma verdadeira jóia psico-lógica, num infalível encadeamento: "era tempo de (eu) me compôr / e (ele) fazer-se pronto para o encontro / mas (eu) senti que estava feito". Em que ficamos? Quem é quem? Além disso, se DSP sentiu que "estava feito" (segundo o Dicionário de Expressões Correntes [Lisboa, Editorial Notícias, 2000] "não ter solução; estar arrumado; lixado"), não seremos nós a contradizê-lo. Da forma como coloca as coisas, estava arrumado e vai continuar...

A imagética popular escolhida para falar ao coração, degrada-se rapidamente em clara demagogia e pura hipocrisia (cinicaria, para usar o termo crioulo), traduzidas por expressões como "a ganância dos novos ricos políticos que a democracia produziu" ou "nem deixam as mães de muitos de nós ganharem o pão para colocar na mesa da família".

Se quem escreveu (e nunca teremos a certeza de quem foi), estava à espera que o corrector automático corrigisse (se quem está agora a escrever este texto escrevesse corrigi-se em vez de corrigisse também não ia corrigir, pois há os dois casos) sexta, porque estava a pensar em sesta, engana-se. Mas fica registado: se (em vez de 6ª, que se lê sêxta) virar moda a séxta (sexo seguido de uma boa sesta), e algum cantor fizer com ela uma canção de sucesso, ser-lhe-hão atribuídos os devidos créditos. De qualquer forma, em português, não é tomar uma 6ª, nem bater uma soneca, mas sim fazer (ou dormir) uma sesta. Não é de excluir a remota possibilidade de o "autor" se estar literalmente a referir a "tomar uma sexta" que até nem é dia de descanso, mas a formulação correcta seria "tirar uma folga" (e o caso foi à 2ª). Nota-se que o estagiário está a tentar um esforço de fusão linguística, mas ainda insuficiente, perante a dimensão do desafio, traindo a sua triangulação atlântica, contaminando o eixo Lisboa-Bissau (tuga - kreol), com expressões inconsistentes.

"E, num remate à guigui, 'aqui, o orçamento para preservação dos espaços públicos deve ser superior ao orçamento da Educação em Portugal'. Digo à Guigui, porque provavelmente ninguém irá verificar se estes dados estatísticos conferem. Mas na verdade, também porque neste caso será o que menos interessa. A ilustração era para me indicar a dimensão." É isto aquilo que supostamente vai na cabeça de DSP e pretende partilhar com as pessoas? Depois das ligações sem nexo, a comparação de um orçamento para jardins "aqui" (aqui onde? em Hamburgo? Na Alemanha ocidental? Na Alemanha toda? Na Europa?) com um orçamento da educação em Portugal (com ou sem cativações?). É isto que, supostamente, define a sua identidade guineense? DSP, ao autorizar a publicação deste texto incongruente em seu nome, evidencia que não passa de um alienado, de um aculturado, que contratou outro aculturado para lhe fazer o trabalho de casa (não se pode poupar, para um cargo tão importante)... "A ilustração era para me indicar a dimensão." Ilustração? Qual dimensão? Mas alguém lê com olhos de ver os delírios que o coitado do psicopata escreve?

Ao poeta, ainda se perdoa que seja um fingidor... já quanto a um candidato a presidente, a coisa torna-se incomparavelmente mais difícil. 

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